Daqui de dentro da minha sala observo
meus filhos brincando na areia limpa e delimitada
de uma construção
no outro lado da rua.
Seus pés e mãos desacostumados
sentem o atrito com a natureza.
De lá, eles não podem me observar,
brincando também numa areia suja e livre
da rua esburacada
do outro lado da vida.
Meus pés e mãos
em harmonia com a natureza.
Entre mim e eles,
transparentes,
o grande vitral da sala
a grade de ferro
e o asfalto negro do progresso.
Entre eles e eu
intransponível
a barreira
de quase três décadas
na verdade de ser criança.
S.B.Campo, 09.11.79.